Tuesday 10 February 2009

Tudo dois.

Não sabia ao certo quanto tempo iria passar. Um mês, dois meses, talvez um ano. Mas sentia que talvez pudesse deixar as coisas como estão, caso ele um dia resolvesse voltar pra lá.

Continuaria lavando os lençóis com amaciante lavanda, pois era desse cheiro que ele gostava. Após o jantar, continuaria servindo duas taças de vinho para beber ao som de Pink Floyd, esparramada no chão da sala. Mesmo que sozinha... caso a solidão fosse insuportável demais era só beber a outra taça de vinho e pronto, a insanidade dava conta de trazer-lhe companhia.

E na hora de dormir, era capaz de revezar-se entre o lado esquerdo e direito, só para acordar e ver que a cama estava toda desarrumada, aparência de que duas pessoas haviam dormido ali, mas na realidade, ela não sentia-se nem uma pessoa completa.

Comprou uma outra escova de dentes para deixar ao lado da sua. Fantasiou cenas, proferiu palavras ríspidas para a geladeira, beijou os quadros e discutiu a relação com a tevê. 

Talvez ele nunca mais volte, isso apenas é um grande desejo de uma caixinha presa dentro dela que clama pela esperança de esperar o inesperável. 

Ele atravessou o oceano, menina, ele atravessou, ele não volta não. Não, não.

1 comment:

Wagner Pinheiro said...

bom texto com elementos melancólicos, melhor do que as exaltações anteriores