Não, não, errado, totalmente errado. Sim, ela tentara com força infinita segurar seu próprio impulso quando ele, seco, bruto e indiferente saiu pela porta e a deixou encostada. Simples assim, uma fenda que permitira a passagem de luz. E de treva também. Uma fenda pequena que permitia a passagem da respiração, do perfume, do cheiro dos cabelos. Ela ainda conseguia enxergar o pequenino olho esquerdo através daquele curto espaço.
Só que, sim... algo realmente estava explodindo dentro dela naquele momento. Não era mais possível ficar tentando colar o passado com as suas lembranças e suas músicas. Era preciso muito mais do que isso. Era preciso ativar a borracha mental, era preciso rasgar as roupas, quebrar paradigmas, assistir filmes, respirar, tocar, sentir, correr, sofrer. Sofrer mais?
Sim, sofrer mais. Tanto quanto o mais que fosse suficiente pra sair logo dali. Porque não queria juntar-se aos raios de sol morrendo nos bastidores do oceano límpido. Ela não escolhera esse destino pra si. Não era um raio de sol morto, era uma vívida treva, com direito a um feixe de luz no fim de seu próprio túnel.
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