Tuesday 23 June 2009

Vez por outra, me perco na neblina. A janela do ônibus fica encoberta por todas as respirações, mas não me atrevo a desenhar meu nome em meio a tantas gotículas que não são parte de mim.

Não sinto medo da névoa, porque quando eu baixo a cabeça, consigo enxergar os meus pés, embora o firmamento sob eles tenha sumido. Mas é tudo por causa da névoa. Eu sei que há base, sei que há algo ali pra me sustentar. É a neblina que não deixa.

No meu apartamento é tudo vazio. A desarrumação da sala e do quarto é tudo culpa do vento, que invade e sacode todas as peças, menos as minhas peças. É culpa do clima. O frio que faz lá fora é intenso, é inverno e a neve, neva.

Eu embarco então no copo de vinho, não porque só o álcool me entenda. É que se me acho dessa forma, então que seja na água doce que me revela um pouco, porque a névoa, ela me cega.

Não, não era isso. Sei de tudo que está acontecendo. Ainda acredito nas coisas, ainda posso sentir todas as dores do mundo. Elas ainda me doem.

E a névoa? Me leva.

1 comment:

Paulo Olmedo said...

Baita texto! Gostei pra caramba!

PS: "não porque só o álcool me entenda." sei... :D