Saturday 11 April 2009

Re-correnteza.

Não gosta do jeito que seu olhar cai sobre os móveis da casa. Não gosta da atmosfera, tampouco da dor que sente no peito. Uma dor tão recorrente, tão rotineira, tão levada pela correnteza... 

A correnteza das águas profundas que só ficam na superfície, levando tudo e qualquer coisa que surge em seu caminho. Nem as estacas pesadas do passado conseguem, por assim dizer, vencer a fúria do mar furioso. O mar é tão furioso e não a deixa fluir com ele.

Ela está tão lá...tão no lugar diferente de todos os lugares do mundo. Tão alheia, tão incomum e indiferente a tudo que muitas vezes pensa em chorar mas suas lágrimas misturariam-se com o mar furioso e furiosamente mais se magoaria.

Essa dor... essa dor invisível, com a força de dez pesos que pesam uma alma altamente invisível também. Essa dor que sussurra no ouvido todas as noites e lembra, perpetua, marca presença, não vai a abandonar.

Não se trata apenas de passado. O passado já era... o passado ficou tão ilegível aqui na sua mente. O que lembra é apenas coisa ou outra que lhe causaram. Dores que a fizeram crescer. Essas coisas necessárias para que a vida siga em frente sem grandes problemas.

Leva correnteza, leva rápido isso para longe daqui. Senão ela vai ruir, ruir, ruir no mar.

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