E hoje é muito estranho fugir de ti quando estamos no mesmo espaço físico. Te olhar e querer que os teus olhos não me olhem porque a reação que isso vai causar em mim é simplesmente catastrófica. Simplesmente aprendi a agir como se tu não existisses e assim eu fantasio frases e ações na minha mente e finjo que tu és apenas parte do imaginário. Tens mesmo uma cara de sonho.
E sinto que quando as pessoas passam por mim na rua, são apenas corpos materiais, talvez cheios de água e moléculas e vísceras e sangue mas nada, nada dentro dessas pessoas pode despertar a beleza que eu vi dentro desse olhar ou no cheiro do teu pescoço.
Talvez eu volte a ficar empolgada com um novo carinha, você sabe como são esses esquemas de conhecer as pessoas, se apaixonar ou ficar um pouquinho mais interessado e tal, sempre rola da gente colocar uma certa expectativa, é, gente carente não tem remédio mesmo.
Porém, é... puxa, como é estranho isso. O fato é que, apesar de já ter tido um monte de encontros bacanas que pareciam ser o próprio céu, nada foi tão céu quanto o que eu tive contigo. E talvez seja por isso que eu fuja tanto da resposta. Será que sim? Será que não? Tenho medo do que possa estar por vir mas o fato, de novo, sim, repito as palavras milhares de vezes, é chato, mas me embaralhas a mente assim como tu fazes o meu coração disparar e parar o tempo inteiro ao mesmo tempo. A verdade é que nada (tão cedo) poderá ser equiparado ao que senti quando a minha boca encontrou a tua naquela noite banhada à brilhos estelares. Bem, mais uma vez, tentando assim prosseguir sem soluçar, é eu acho que gosto de ti até mais do que deveria. Mas pode ficar tranquilo eu já estou tendo conversas mentais contigo e estou dizendo pra mim mesma que não vai dar certo nutrir esses sentimentos e tu me dizes "não é por mal, és uma guria afudê e tudo mas não rola, sabes?" e eu entendo isso e sigo a minha vida.
É que foi aquele beijo. O beijo que eu não beijava há tempos. Lembro de ter fechado os olhos e sentido a tua boca chegar perto da minha e quando finalmente se encontraram, eu apertei os olhos com força e pensei que aquilo só podia ser um sonho! E aquele abraço apertado que meio que dizia que era algo bom, que tudo aquilo ali era bom e era seguro sentir-se assim...
Mas eu te deixei. Eu te deixei naquela esquina. Só não sei se na imaginária, ou real. Eu deixei porque na real, eu também tenho medo do escuro.