Friday 23 September 2011

Um embate de anões

Em uma certa noite, que a chuva reverberava no telhado de estanho, duas pequenas criaturas encontraram-se. Obviamente noite, obviamente escuro, essas duas personalidades, homogêneas, em tese, mas distintas por forças de outra ordem, resolveram colocar-se frente a frente para decidir qual delas sobreviveria.
No entanto, a vida desses dois pequenos estava nas mãos de um superior que, apreciava-os de forma inestimável. E também, contrariando todas as possibilidades, o grande Senhor não queria misturar essas duas partes pois achava que o resultado seria muito negativo para ele mesmo, talvez não suportasse a força da personalidade que resultaria de tal fenômeno.
Uma solução até certo ponto, tanto prática.

Personalidades, quando desviadas assim, quando fragmentadas, machucam, ecoam, vociferam de dentro para fora, consomem e deixam lágrimas que muitas vezes não se justificam senão pelo fato de aliviarem uma dor que se pensa não saber de onde vem.

Exaustos da fragmentação, necessário era acabar superioridade do Senhor, grandioso e seguro de si. As duas criaturas solucionaram o enigma com um embate, cravando uma lança no peito, sem o romantismo shakespeariano.

E a superioridade ficou sozinha, por não querer aceitar por completo uma alma.

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