Wednesday 18 November 2009

Como reconhecer a genialidade de um escritor

Minha fascinação pelos escritos de Edgar Allan Poe começou, há mais ou menos, uns três anos. Estava em uma fase de ver muitas séries investigativas e também ler livros a respeito, como os romances policiais da Patrícia Cornwell, que são ótimos para quem gosta de mistérios, assassinatos e investigações ao estilo Law & Order, CSI e derivados.

Pois bem, certo dia encontrei nas estantes da biblioteca do SESI, A Carta roubada e outras histórias de crime e mistério, do Poe. Não pensei nem dois segundos, levei o livro comigo. Ao ler o primeiro conto, confesso que senti uma certa frustração. Obviamente frustração ingênua uma vez que não haveria de forma alguma, como um cara no século XIX escrever histórias de mistério que envolvessem investigações minuciosas, análises de DNA e digitais. Era um conto sobre a lógica, sobre a perspicácia de um detetive (Auguste Dupin, personagem que inspirou Connan Doyle para a criação de Sherlock Holmes) para desvendar um crime. Tudo, obviamente, no nível psicológico da coisa.

Afastando-me um pouco da minha leitura superficial sobre o conto que intitulava o livro (A Carta roubada), acabei interessando-me cada vez mais pelos escritos do Allan Poe, sempre contextualizando o conto e a época e, claro, sem deixar que alguns traços de atemporalidade fossem notados. Porque um bom escrito é aquele entendido não apenas em seu tempo, mas em vários outros, certo?

Pensando nessa questão do atemporal, do contemporâneo, daquilo que é escrito e entendido em qualquer época, quero comentar um pouco sobre um outro conto do Poe que acabei de ler O homem na multidão. Depois de ler um ensaio, feito pelo meu ilustríssimo orientador, sobre a intertextualidade entre Só!, de Machado de Assis e esse conto do Poe resolvi então ler o texto propriamente dito e tirar minhas próprias conclusões.

Não pretendo resumir a narrativa de forma alguma, apenas incito-lhes a curiosidade de procurar por tal obra que é realmente um retrato perfeito da modernidade, ainda que tenha sido publicado em 1845. A forma como descreve a sociedade, suas maneiras, suas vestimentas, seus anseios, ainda que de forma implícita, torna-a bastante interessante para nós, leitores do século XXI.

A versão original do conto pode ser encontrada em um site muito bom sobre o autor, Poestories.com. A leitura é menos árdua do que parece, uma vez que no próprio site as palavras que hoje já não são muito recorrentes apresentam uma espécie de explicação, como se fosse um dicionário. Além das short stories também é possível ler as poesias, a biografia, resumos e muito mais.

Sem mais para o momento, fui! :)

1 comment:

Mauro Nicola Póvoas said...

Gostei do texto. E obrigado pela citação!
Bjs!
Mauro.