Thursday 2 April 2009

Ontem eu a vi. Não totalmente, enxergava apenas pedaços através de uma pequena abertura da porta (interna ou real?)... não soubera que eu a observava tão atentamente mas precisava vê-la e sentir como ela nem mesma era capaz de sentir.

Pedaços, sim. Pedaços cansados, golpeados pela ação do tempo que já fora e do tempo que ainda está por vir. Pior do que isso! O tempo presente que traz um pesadelo atrás de cada noite sem sono e de cada manhã exaustiva. Grande assassino esse o nosso, tempo...

E todo o dia, cada nascer e pôr do sol eu a vejo nascer junto. Uma nova mulher, com uma nova perspectiva, calçada em antigos pensamentos e antigos preceitos. Quando se olha no espelho, ela reconhece tudo aquilo que (não) é. Não sinto medo dela, apenas sinto receio e pra mim, receio é medo mas um medo pequeno embora não possamos chamar de 'medinho'. Receio de misturar-me à todas as suas dúvidas cruéis, à todas as suas magoas que ela tenta, eu sei, eu vejo, ela tenta tirar tudo à noite quando ninguém ouve mas a música embala e ela acaba chorando todas a fim de lavar a alma.

Ela é correta demais e sente tudo demais e por vezes posso afirmar que ela nem sabe que eu a espreito todas as noites porque eu mostro-a uma verdadeira face de um espelho sem fundo.

1 comment:

Mel said...

Belo texto!
;)
Como sempre consegues exprimir toda a verdade de sentimentos!